AULA 1 – NOÇÕES DE GRAMÁTICA

Eu costumo dizer para os meus alunos que a gramática, assim como muitas coisas na vida, possui estruturas. Essas estruturas básicas são:
– Fonética/Fonologia (SOM)
– Morfologia (PALAVRA – CLASSES DE PALAVRAS)
– Sintaxe (ORAÇÃO – FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO)
– Semântica (SENTIDO – HOMÔNIMOS, PARÔNIMOS…)

OBS: Ao abrir uma gramática, você perceberá que, geralmente, ela possui essa divisão.

FONÉTICA
A primeira estrutura mencionada, a fonética, é a parte da gramática relativa ao estudo do som. Não são todos os falantes de línguas que emitem sons. Por exemplo, a língua de sinais não é sonora, mas não deixa de ser língua por não ter essa propriedade. Na verdade, todas as estruturas acima mencionadas estão relacionadas. Se uma língua, como a língua de sinais, não é uma língua sonora, ela possui outras propriedades que permitem a comunicação entre os seus falantes. Na verdade, a fonética é uma estrutura da língua intermediária às outras estruturas e, paralelamente, intervém diretamente na comunicação.
Em relação ao conteúdo de gramática, nessa estrutura são abordados temas como: oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas. Ditongo, tritongo, hiato. Sílaba tônica, sílaba átona, etc. Cada um dos tópicos seguintes será dedicado exclusivamente para especificar cada um dos conteúdos abordados.

MORFOLOGIA
A morfologia é a estrutura relativa às palavras. É como se houvesse um banco de dados em nossa língua com várias palavras: comer, o, lhe, me, eu, para, azul, inteligente, céu, casa… a morfologia estuda a estrutura das palavras, processos de formação de palavras e categoriza as palavras em nossa língua. Por exemplo, das palavras mencionadas anteriormente: “me” e “eu” possuem algo em comum. Elas pertencem à mesma categoria, são pronomes (pronomes substituem nomes). Na categoria de pronomes, elas pertencem a categorias distintas. O pronome “me” é um pronome oblíquo. O pronome “eu” é um pronome pessoal. Não faz muito sentido, no entanto, fazer uma classificação dessas “palavras” sem percebê-las em um contexto, porque elas podem ter classes distintas.
Ex:
FALAR = VERBO NO INFINITIVO
Mas
FALAR = SUBSTANTIVO  –> “O falar do menino é engraçado.”
Na oração acima, “falar” não é verbo.

Para que nós possamos compreender essas regras gramaticais, que muitas vezes podem parecer aterrorizantes, devemos pensar que a gramática é como um jogo. Você precisa aprender as regras para poder jogar. O que valida o conhecimento de que FALAR é um verbo, é a análise contextual. É importante saber qual é a estrutura abordada para dar a nomenclatura adequada. Além disso, a nomenclatura gramatical de um termo em uma estrutura muda em outra:
EX 1:
MORFOLOGIA
Amanhã – ADVÉRBIO DE TEMPO
SINTAXE
Irei ao cinema amanhã.
AMANHÃ = ADJUNTO ADVERBIAL DE TEMPO
EX 2:
MORFOLOGIA
INTELIGENTE = ADJETIVO
SINTAXE
O ALUNO INTELIGENTE É AQUELE QUE ESTUDA.
INTELIGENTE = ADJUNTO ADNOMINAL

É preciso observar o enunciado das questões de gramática em provas e vestibulares. O examinador pode pedir uma classificação sintática, pode estar se referindo a um processo morfológico, a um processo relacionado ao som, ao sentido. Cada estrutura traz uma análise diferente.

OBS: Ao final de cada aula, eu deixarei uma lista de exercícios com respostas sobre cada um dos temas estudados.

Agora imaginem que as palavras em uma sentença, antes de serem pronunciadas, são tijolos e o verbo (cimento). Imagine que nós queiramos construir uma parede de tijolos. Precisamos de tijolos e cimento para isso. Um tijolo somente é suficiente para se construir uma parede? Não! Vários tijolos são suficientes para se construir uma parede? Sim!
Ex:

Morfologia
CASA
(Ninguém se comunica unicamente por “palavras soltas”.) Imagine que alguém olhe para você agora e diga: “CASA”, embora você conheça essa palavra, ela não fará sentido em um contexto comunicativo, não gera comunicação sozinha.

Morfologia
CASA BONITA
(O sentido aqui é iniciado, mas ele ainda não está completo. Esse estágio é similar ao estágio de fala de crianças em processo de aprendizagem, estrangeiros aprendendo uma língua estrangeira/ segunda língua. Lembrem-se da fala dos índios ao primeiro contato com os europeus: HOMEM BRANCO.

A relação que eu estabeleci aqui para diferenciar o verbo (cimento) das outras classes gramaticais (tijolos) está relacionada ao fato de haver uma distinção na gramática entre o que é NOME e o que é VERBO. É por essa razão que o cimento (verbo) não é categorizado aqui como tijolo (classe de palavras), embora o verbo seja uma classe de palavra/gramatical. É por isso, que a gramática traz nomenclaturas como: complemento nominal e complemento verbal. O que diz respeito à propriedade de formação binária em nossa língua. Relação binária professor? Você está falando de programação, matemática? Há uma relação binária em uma sentença, sim! Esse assunto vai muito além de toda essa discussão. Há abordagens que falam de sintagmas: sintagma nominal, sintagma verbal e sintagma adverbial. Aqueles que estão estudando para o vestibular da ESCS – FEPECS devem conhecer essa nomenclatura devido a uma questão relativa a esse assunto. Eu não entrarei em detalhes aqui porque dedicarei um tópico exclusivo à noção de sintagmas.

OBS: Tenha paciência em abstrair esse conteúdo. =)

Sintaxe
A CASA É BONITA.
(Nesse caso, há sentido. Isso porque há um verbo na oração acima. O que nos faz pensar na primeira premissa gramatical: TODA ORAÇÃO POSSUI UM VERBO. Isso não é por acaso. Tente dizer que você quer fazer algo para alguém, sem utilizar um verbo? Será impossível, não haverá comunicação eficaz. Especialmente porque “fazer” já é um verbo. Viver é um verbo, nascer é um verbo.

Conclusão: as palavras são tijolos, o verbo é o cimento, a oração é a parede, a parede é parte de um todo (texto/discurso). Um tijolo não é suficiente para se construir uma parede:” CASA”. Vários tijolos com cimento são suficiente para se construir uma parede: “ A CASA É BONITA”. Casa, bonita, A = tijolos. É = cimento. A casa é bonita. = parede.
Essa explicação é interessante para diferenciar a morfologia da sintaxe.

A morfologia diz respeito aos tijolos e ao cimento:
SUBSTANTIVO (tijolo)
ADJETIVO (tijolo)
ADVÉRBIO (tijolo)
PRONOME (tijolo)
ARTIGO (tijolo)
NUMERAL (tijolo)
CONJUNÇÃO (tijolo)
PREPOSIÇÃO (tijolo)
VERBO (cimento)

A sintaxe diz respeito à estrutura, à parede. Mas para isso, não basta ter apenas tijolos, é necessário que haja o cimento (VERBO):

DIA BONITO (NÃO É ORAÇÃO)
O DIA ESTÁ BONITO. (É ORAÇÃO, POSSUI VERBO E SENTIDO)

Toda oração possui um verbo. Cada oração possui um verbo. As orações dividem-se em períodos. Os períodos podem ser simples ou compostos. O período simples é o período que possui um verbo apenas:

Ex: Eu fui ao cinema.

É o que muitos gramáticos chamam de ORAÇÃO ABSOLUTA (pois possui um verbo apenas).

O período composto é o período que possui dois ou mais verbos. Nesse caso, ele pode ser composto por COORDENAÇÃO ou por SUBORDINAÇÃO. É esse o assunto que aterroriza muitos alunos: ORAÇÃO SUBORDINADA SINDÉTICA SUBJETIVA COMPLETIVA NOMINAL, OBJETIVA DIRETA… o.O Esse assunto será um dos últimos assuntos a ser abordado aqui, pois ele só pode ser abstraído a partitr de outras reflexões.

Se a morfologia estuda as CLASSES GRAMATICAIS ou classes de palavras, a sintaxe estuda os TERMOS DA ORAÇÃO.

Algumas gramáticas fazem a seguinte divisão:

TERMOS ACESSÓRIOS, TERMOS INTEGRANTES E TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO.

TERMOS ESSENCIAIS: (São essenciais em uma oração)

– Sujeito

-Verbo

– Predicado

TERMOS ACESSÓRIOS

– Adjunto adverbial

– Adjunto adniminal

– Aposto

– Vocativo

TERMOS INTEGRANTES

– objeto direto/ indireto

– agente da passiva

– complemento nominal

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