Mentiras sobre Revisão de Texto

A FALÁCIA DO REVISOR NÃO PODE

“Revisor de Texto é responsável, apenas, por intervenções/sugestões gramaticais!”

O ofício de Revisão de Texto não se restringe, apenas, a alterações gramaticais, mas consiste também em intervenções/sugestões estilísticas (é claro que isso depende do tipo de serviço contratado. Eu, por exemplo, cobro valores diferenciados para reescrever períodos mal elaborados e fazer alterações estilísticas). O que, de fato, o Revisor não deve fazer é intervenções de sentido, mas ele pode sugerir ao autor reflexão acerca de sentido de alguma oração, pode deixar comentários (se ele souber o que está fazendo, por que não?). O autor não deve se sentir ofendido em relação a essas mensagens, porque elas são contribuições e não confrontos com o autor, que, muitas vezes, considera-se “detentor supremo da verdade acerca do que ele escreve”.

O serviço que intitulo, por exemplo, como Revisão Crítica, busca, também, trazer contribuições nesse sentido aos autores. Faço uma leitura crítica e profunda sobre o texto deste, deixando comentários, dicas, sugestões, faço questionamentos aos autores, com base em minha experiência e vivência, levando-os à reflexão para (des)construção de seu próprio texto. Bom Revisor é aquele que desconfia e, nesse processo, mensagens deixadas ao autor são importantes, o processo de estruturação de um texto é muito complexo e subjetivo, o Revisor precisa, de alguma maneira, mesmo que seja por meio de mensagens, interagir com o autor em alguns casos. Alguns autores com posicionamento absoluto sobre o Ofício de Revisão esperam que Revisores façam serviço completamente absoluto ou objetivo (no caso de questões pontuais de ortografia e gramática), mas há, também, questões subjetivas em textos que são importantes. Um texto pode conter períodos incompletos, pode haver falhas de outra ordem e, se o Revisor ao menos não indicar essas questões ao autor, ele será omisso e isso é um grande erro, mesmo que ele não tenha sido pago, ele deve, ao menos, sinalizar alguns problemas no texto dos autores.

E aqueles que não concordarem com essas mensagens, por preguiça de ler/refletir, cometem uma grande falha (mas eles podem, simplesmente, ignorá-las ou não acatar essas sugestões). Na verdade, às vezes o autor escreve um texto muito mal escrito, incoerente e entrega este ao Revisor como se ele fosse o redentor da “verdade textual”. Autores têm de saber que, para que haja eficácia em um processo como é o caso da produção textual, todas os envolvidos nas diversas etapas relacionadas a esta devem se engajar. E o primeiro grande passo é, no mínimo, tentar escrever um bom texto (mesmo assim, o Revisor ainda terá trabalho, pois, por melhor escritor que seja o autor, todo texto precisa de Revisão. A Revisão é um complemento ao que os olhos, inclusive daqueles mais atentos, não conseguem ver). E autor algum é onipotente, onipresente e onisciente.

A FALÁCIA DA GRAMÁTICA NORMATIVA

A Revisão busca adequar, sempre, qualquer texto à linguagem formal, com base na Gramática Normativa

Não existe na Língua Portuguesa apenas uma regra gramatical, mas várias regras de adequação (formal ou informal) a determinado gênero textual. As pessoas pensam que o Revisor trabalha, somente, com as regras da Gramática Normativa, isso não é verdade. Por exemplo, se um revisor recebe um livro para revisar, literatura, que trata do universo caipira, cujas falas dos personagens revelam esse dialeto, que é representado na escrita com suas próprias regras informais, não faz sentido ele desconstruir o texto do autor e adequá-lo à linguagem formal, aplicando as regras da Gramática Normativa.

Na verdade, o sistema de ensino acerca da Língua Portuguesa no Brasil é tão precário que os brasileiros saem da escola pensando que a fala mais cotidiana, especialmente relativa a contextos de interação de pessoas mais pobres, é desprovida de regras. Isso não é verdade, pois há, também, regras na linguagem informal, sejam elas relativas à escrita ou à fala. O Português falado, mais informal, especialmente falado pela população mais pobre, embora seja estigmatizado, não é um arranjo caótico de palavras. Linguistas, que são cientistas, comprovam esse fato (e eu posso dizer isso com propriedade, pois eu sou um deles e atuei como pesquisador e não somente como Professor).

Desculpem alguns de meus colegas, mas muitos professores são despreparados e “ensinam” de uma maneira muito aleatória, sem técnica, metodologia, sem estudo, e o pior, trazem conhecimentos que são falaciosos (essa classe, em sua grande maioria, não me representa). O discurso de “falar correto” e de “escrever correto”, como se a única norma aceita fosse a da Gramática Normativa, carece de reflexão.

A noção de “erro” está relacionada ao estrangeiro e, mesmo assim, para quem não sabe, este desenvolve, durante o processo de aprendizagem de uma segunda língua ou língua estrangeira, o que os cientistas chamam de “interlíngua”, que é uma Língua intermediária entre a língua materna e a língua-alvo. Essa interlíngua, que, grosso modo, constrói-se com base em aspectos gramaticais da língua-mãe e da língua-alvo, é importantíssima para o falante até que este consiga se aproximar, em algum nível, da língua-alvo (e mesmo assim, essa aproximação é muito questionável, especialmente se falarmos de fluência).

A FALÁCIA DO “VERNÁCULO”

A revisão está mal feita.

Determinados gêneros exigem linguagem estilística que são comuns a estes. Não faz sentido trazer estilo de escrita informal para estilo de escrita formal e vice-versa. Por essa razão, alguns revisores costumam fazer, apenas, intervenções relativas à gramática normativa em textos acadêmicos. Após a entrega do texto revisado, o orientador do cliente diz a este que o texto ainda contém sérios problemas. O cliente procura o Revisor e diz a este que o trabalho foi mal feito. O Revisor não entende o que ocorreu, acreditando ter realizado um bom serviço e, de fato, talvez tenha feito, mas não compreende que o texto do cliente não está adequado à linguagem acadêmica, o que é uma questão estilística, e não de gramática normativa. Como o orientador do cliente não é da área, acredita que o texto ainda está “errado”, mas, na verdade, as vírgulas estão bem empregadas, a regência está adequada, mas o estilo de escrita do cliente está informal, inadequado aos gêneros acadêmicos e, às vezes, o próprio revisor não sabe fazer essas intervenções, porque ele mesmo nunca cursou uma pós-graduação ou não tem conhecimento como pesquisador. Resultado? Muitos mal entendidos.

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