Textos acadêmicos longos!

Normalmente, uma tese de doutorado é mais extensa que um artigo científico, e, em alguns casos, inclusive maior do que uma dissertação de mestrado. No entanto, ultrapassar as 300 laudas pode ser um exagero. A verdade é que nem os avaliadores nem os pesquisadores possuem tempo ou paciência para ler trabalhos tão longos.

Ao longo de meus vários anos de atuação como revisor, recebi um texto com mais de 700 laudas, totalizando quase um milhão de caracteres com espaço. Nunca revisei uma tese com mais de 500 laudas. Em situações assim, costumo sugerir a redução do trabalho. Muitas vezes, o autor não percebe essa necessidade, e o trabalho pode nem ter passado pela banca ou pelo orientador.

É comum encontrar orientadores que não fornecem uma orientação adequada, permitindo que o pesquisador escreva sem direção. Isso pode levar a um texto com detalhes desnecessários, por exemplo.

No início da trajetória acadêmica, explicar teorias e metodologia detalhadamente é positivo. No entanto, repetir essas explicações em etapas mais avançadas, como na dissertação ou na tese, torna-se desnecessário. Por exemplo, não é necessário, na metodologia científica, especialmente para o caso de uma tese de doutorado, explicar, minuciosamente, o que é metodologia científica, pesquisa qualitativa, citando autores e retomando conceitos básicos de pesquisa que já foram considerados e apresentados, inclusive, na dissertação de mestrado.

Além disso, o pesquisador deve atentar-se ao estilo textual. Prefira a ordem direta da oração (sujeito + verbo + predicado) e evite fazer emendas no texto com períodos com gerúndio. Refira-se, especificamente, no texto acadêmico, ao que você quer dizer. E considere a máxima de que “menos é mais”. Períodos longos e o excesso de figuras e tabelas podem desviar o foco do trabalho. Questionar a relevância de cada elemento no texto é fundamental.

A ideia de que o uso de figuras e cores estimula a aprendizagem é um mito. Muitos desses conceitos que aprendemos na escola não se aplicam à realidade acadêmica. Alguns elementos no texto não devem ser mencionados. Outros devem ser apresentados em seções específicas como anexos e apêndices (se for o caso).

A revisão de um texto é essencial, mesmo para autores experientes. Mesmo os mais habilidosos podem apresentar problemas em seus textos. Eu, por exemplo, reviso textos de juízes e doutores, e sempre encontro problemas em cada lauda. Evitar excessos e preparar o texto para a revisão não apenas implica economia de tempo e energia, mas também qualidade.

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