Simulacros “linguísticos”

Meu nome é Anderson Hander, e sou Revisor de Texto(s) há mais de dez anos. Apresento uma reflexão sobre simulacros “linguísticos” para compartilhar com vocês neste post. Quem não ouviu ainda os meus áudios sobre simulacros? Tenho alguns áudios no meu canal (YouTube) sobre o tema. Escutem esses áudios para entenderem melhor ao que me refiro.

Trago esse termo para falar sobre a distorção da realidade, em nível individual e coletivo, por meio de processos (in)conscientes, articulados ao(s) discursivo(s), que se materializam em textos diversos, especialmente em textos acadêmicos, trazidos pelo pesquisador.

Simulacros “linguísticos”

Como Revisor de Texto e Linguista, é importante esclarecer esse conceito. Sempre deixo alguma crítica em textos acadêmicos que reviso a respeito dessas questões. Mas isso não se limita, apenas, a textos acadêmicos (tampouco a textos, mas ao discurso* em geral, e além dele), como a relação que estabelecemos com a língua, com os textos e com os discursos. E nós podemos tornar esses processos mais conscientes para melhorar nossa compreensão sobre o mundo, sobre nós mesmos, e sobre o(s) outro(s).

* Pense o texto como a materialização de discursos. O discurso está para o nível mais abstrato e potencial do pensamento. E eu arrisco dizer, inclusive, para o inconsciente coletivo (para os vários discursos existentes na sociedade, que nos perpassam e nos perpassaram ao longo de séculos).

O que são simulacros?

Simulacro, no sentido que trago para a reflexão proposta neste post, é a cópia de algo ou a construção de algo que não é, grosso modo, verdadeiro. E ocorre em nível individual e coletivo, mas principalmente coletivo. Os simulacros são consolidados como verdade, embora não sejam, e possam parecer óbvios.

As pessoas reproduzem simulacros, discursiva e inconscientemente (muitas vezes), e isso se materializa em textos e ações em nossa sociedade.

Já falei sobre simulacro de conhecimento, como a escola constrói essas mentiras, e como estas ocorrem, inclusive, na Pós-graduação (sim, isso também ocorre na Pós-graduação). Muitas dessas mentiras persistem, influenciadas pela cultura e subjetividade do pesquisador.

A sociedade, muitas vezes, se acostuma com essas construções mentirosas, e, quando alguém é cientista, precisa (des)construir essas noções, pois elas não se alinham à ciência, embora pareçam “naturais” e óbvias.

Temos um conhecimento “geral”, porém, na maioria das vezes, esse conhecimento é distorcido. Nesse sentido, é importante reconhecer que o especialista na área é quem realmente possui propriedade, e muitas vezes responsabilidade, sobre determinado assunto que não diz respeito a um campo de investigação.

O discurso científico

Por exemplo, na(s) ciência(s), há áreas que lidam com fotografia, história, memória, documentos, lei, língua, sociedade, cada uma com seu escopo científico específico. O que se sabe popularmente sobre esses assuntos não corresponde ao que, de fato, a realidade representa. Você já brincou de telefone sem fio? Então, grosso modo, é isso que ocorre com o conhecimento. E esse conhecimento está em sua mente, SIMULACRIZADO, por mais inteligente que você se considere (mesmo que seja um doutor; é doutor na sua área e não em todas as áreas de conhecimento. E se for “doutô” médico e advogado, eu não vou nem comentar (risos eternos)).

Metáforas

Por exemplo, evitar metáforas em textos acadêmicos é crucial, pois elas podem distanciar o discurso da verdade e da clareza do estudo. É essencial se alinhar à área de pesquisa e evitar esse tipo de figura de linguagem.

A metáfora se articula, linguisticamente, à concepção de simulacro. Pode funcionar no dia a dia, mas muitas vezes está ligada a uma tentativa de encobrir a realidade ou a “dor” articulada ao que é dito.

O texto científico

Em pesquisa, muitas vezes, os termos aos quais o pesquisador se refere em uma determinada área já estão consolidados pela comunidade científica, e se não, buscam-se referências em outras áreas, por meio da interdisciplinaridade. Não há para onde fugir. Você não “inventará a roda” nesse caso. E, se fundamentar algum conceito com base em seu senso comum ou achismo, será desqualificado pela Banca Examinadora.

Apesar de todo o rigor para o uso científico, não há um olhar linguístico na academia, especialmente para os textos acadêmicos. Nesse sentido, há lacunas no discurso dos pesquisadores. Por exemplo, recentemente, o uso do termo “robusto” constitui construções metafóricas que não se alinham ao discurso científico. Precisamos de atenção à carga cultural que trazemos para a pesquisa, pois esta pode nos afastar da realidade. Existem várias possibilidades de uso na língua, e devemos tornar o processo de escolha mais consciente. Essa consciência, com certeza, pode ocorrer com a intervenção de um Revisor de Texto(s) e Linguista.

Revisão de texto (para a) crítica

Eu atuo há mais de dez anos na área de Revisão. Sou Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB), Mestre em Linguística também pela UnB e Especialista em Revisão de Texto pelo CESAPE-UNICeub. Sou Sociolinguista Interacional e Analista Crítico de Discurso, e um grande interessado em estudos na área de Semiótica Social. Atualmente, reviso para uma revista científica na área do Direito, e oriento o meu trabalho como Revisor em uma perspectiva crítico-discursiva, muito além de correção dos ditos “erros de português”, articulada à tentativa de desconstrução da ontologia e epistemologia da pesquisa proposta no texto do pesquisador.

Contatos

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É importante ter humildade e zelo em relação à pesquisa científica. Se você decidiu ser pesquisador ou cientista, é importante comprometer-se como tal. Nesse sentido, você não tem consciência de tudo. Não é onipotente, onisciente e onipresente, especialmente em nível discursivo. Surge, assim, o Revisor: o outro. E os filósofos já diziam: “o outro vê melhor”. A interdisciplinaridade também pode agregar valor a esta discussão, já que, para compreender algo, é preciso adentrar outras camadas do conhecimento, que dependem de outras áreas.

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